31 janeiro, 2006

Começar de novo...

Ouvir rádio é daquelas coisas que fazemos no carro e que fazem parte do processo automático de por o veículo em andamento. Na maior parte dos casos nem sequer processamos o que estamos a ouvir, está lá e pronto.

Não sei como nem porquê, dei por mim a prestar atenção a esta música que já ouvi, provavelmente, centenas de vezes...

Encerra em si uma impossibilidade... Nada se começa de novo. Qualquer ponto em que se inicie traz consigo todo um capital de acontecimentos e emoções que, necessariamente, condicionam o novo começo.

No entanto, por alguma razão, fiquei com o ouvido colado à letra e hoje apeteceu-me colar a letra ao meu blog.

Só porque me apetece...

COMEÇAR DE NOVO
Ivan Lins/Victor Martins


Começar de novo

E contar comigo,
Vai valer a pena
Ter amanhecido.

Ter me rebelado,
Ter me debatido.
Ter me machucado,
Ter sobrevivido.

Ter virado a mesa,
Ter me conhecido.
Ter virado o barco,
Ter me socorrido.

Começar de novo
E contar comigo,
Vai valer a pena
Ter amanhecido.
Sem as suas garras,
Sempre tão seguras.
Sem o teu fantasma,
Sem tua moldura.
Sem suas escoras,
Sem o teu domínio.
Sem tuas esporas,
Sem o teu fascínio.

Começar de novo,
E contar comigo,
Vai valer a pena
Já ter te esquecido.

Começar de novo...

27 janeiro, 2006

Que desilusão...

Pois é, há dias assim... Dias em que lamentamos não ter ido para casa dormir ao invés de rumar ao Jardim de Inverno do Teatro São Luis para ver a peça "antes eles que nós" com Maria Ruef, Bruno Nogueira e Manuel Marques às 23h30m (tarde como o caraças)

Talvez porque as expectativas eram altas, afinal tratava-se de três conceituados actores,a desilusão foi grande.

Esperava-se um texto com alguma inteligência e foi nos oferecido algo banal sem grande piada.

Efim, pouco há para dizer sobre o assunto.

24 janeiro, 2006

a vida tal como ela é....

"Sigo-te destino, ainda que o não quisesse teria de me submeter lavado em lágrimas"

Nietzsche

Embora, aparentemente, se adivinhe na forma como introduzo este post, uma tendência para o negro e cinzento, tal é enganador.

Pretendo aqui acentuar o encanto da vida, a partir da exaltação a duas experiências culturais a que me submeti ultimamente. Qualquer das duas reflectem a vida tal como ela é.

A primeira, uma peça de teatro a que assisti no fim de semana (informação em baixo) que tem como pano de fundo um jantar de amigas, coisa banal, mas que a genialidade criativa transforma em algo de absolutamente fascinante.

Uma outra, mais recente, de ontem, a ante estreia do filme "Lavado em Lágrimas" (ver link) que nos transporta a uma humanidade, ou, como a certa altura se reflecte no filme, à humana desumanidade. Trata-se de um filme Português, que rebate qualquer preconceito quanto ao Cinema feito no nosso país.

Deste filme recortei a citação de Nietzsche que encabeça o post. Acreditemos, ou não, no destino, não lhe ficamos indiferentes. Da mesma forma, nos inquieta o filme. Não só pelo argumento, mas pelo magistral desempenho de Rita Martins e João Cabral, assim como pela forma como é realizado por Rosa Coutinho Cabral.

Duas experiências, em muito boa companhia, que me souberam muito bem.

Ficam as referências para quem estiver disponível para viVER a vida tal como ela é...


Fonte: site oficial do filme "Lavado em Lágrimas"

TEATRO
Projecto de Execução
Mala Voadora
Jorge Andrade, autoria; Anabela Almeida, Cláudia Gaiolas e Teresa Ferreira, interpretação.
De 2006/01/04 até 2006/01/21 - Qua a Sáb: 21h30
Informações Úteis:
Preço dos bilhetes: 6,00 €
50 min (é pena, podia ser mais!!!)
Endereço: Rua de O Século, 9 - Porta 5
Telefone: 213 430 205

23 janeiro, 2006

à tarde é que é bom...

Poupe água, não tome banho sozinho...

20 janeiro, 2006

mais coisas boas...

Vem aí o fim de semana... (grande novidade!!!!)

Lisboa vai estar banhada por um Sol fabuloso o que, invariavelmente, me deixa muito bem disposto.

Porque me continua a apetecer pensar em coisas boas fica aqui uma foto de uma das minhas viagens a Turim.

Bela cidade (nada que se compare a Lisboa, claro!) boas pessoas e um tempo vivido em muito boa companhia.

Bom fds para todas(os)

 
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17 janeiro, 2006

Hoje apetece-me pensar em coisas boas...

"Uma viagem é como uma
pessoa em si mesma, e não
há nunca duas iguais."

John Steinbeck

Para além da experiência fica a memória... São as memórias de algumas viagens que me apetece evocar hoje, neste dia cinzento.

Limpo o céu com elas, esperando dias melhores.


 
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16 janeiro, 2006

...

Quero espreitar-te por baixo dos lençois,
ver o teu cabelo percorrer a curva das tuas costas
e por fim,
em paz,
aninhar-me,
sentir o calor do teu corpo
e sonhar...



...

Hoje não me apetece pensar...

mas penso...

Penso que por vezes não é necessário muito para fazermos os outros felizes. Este pouco tem o tamanho de um querer.

E penso muito mais, só que não me apetece pensar...

Ocorre-me pensar na fidelidade... Mas não penso, porque hoje não me apetece pensar...

Porque a preguiça (ou outra coisa qualquer) me invade o pensamento, dou a palavra a Vinicius neste seu "Soneto de Fidelidade". Para quem o quiser apanhar. Tudo isto porque hoje não me apetece pensar...


Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Estoril - Portugal, 10.1939

Vinicius de Moraes

in Poemas, sonetos e baladas



nevoeiro...

13 janeiro, 2006

Prazeres...

A convite de uma boa amiga, assisti esta semana, no CCB, ao espectáculo O Grito do Peixe de Clara Andermatt. Criado para a Faro Capital da Cultura, e envolvendo jovens estudantes de Olhão, o resultado final não podia ser melhor.

Sentado na primeira fila, em boa companhia, fui transportado a um universo de sensações próprios de grandes momentos.

Duas baterias em palco, acompanhados de duas guitarras serviram uma banda sonora fabulosa.

Por vezes, um silêncio profundo e prolongado invadia a sala enquanto bailarinos profissionais e de ocasião (os alunos) evoluíam numa soberba coreografia em que o universo dos peixes do mar de Olhão se misturava com a dos seres humanos.

Foi uma noite de grandes prazeres...

Obrigado Amiga!!!



O Grito do peixe

11 janeiro, 2006

...

“...Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa



...

10 janeiro, 2006

Dá-me-te...

Não me apetece acrescentar muito mais ao que vai ser dito. Apenas referir que o poema que aqui fica pertence ao jovem poeta Fernando Diniz e que pode ser encontrado no Livro Dá-me-te.


Tentei inventar uma nova forma
de te amar;
Lançando o corpo em desmaio
sobre o teu
E nesse mergulho desaparecer
em ti.
Regressar só quando da nudez sentisse frio.
Trocar o sentido da ampulheta
estudar com rapidez a sequência das estrelas
e limar com exactidão a rugosidade das horas.

recomeçava do início.
Ganharíamos os dias e as noites que gastámos
na distância de nós próprios.
Só depois pensei:
“os rostos, afinal, mudaram
durante todo este tempo.”

Fernando Diniz

06 janeiro, 2006

Pelo sonho é que vamos...

Vem aì o fim de semana...

Espaço de liberdade, tempo de estar com aqueles de quem mais gostamos, oportunidade para, com estes,irmos a lugares únicos.

Para mim, nos últimos anos, o fim de semana significou sempre um doce reencontro com alguém especial, com quem tive a oportunidade de ir também a um lugar singular, a Serra da Arrábida.

Atingido pela nostalgia desse tempo regressei a Sebastião da Gama, poeta da Arrábida. Retomo aqui um poema que cruza a vastidão de emoções que tem sido a minha vida nos últimos anos. Movido pelo sonho, travado pela incerteza...

O Sonho

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

- Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama (Arrábida, 1/09/1951)


Gosto muito de ti...

05 janeiro, 2006

Itaca

Permito-me aqui fazer a analogia das Bonecas Russas com a vida. Cada experiência vivida permite construir em nós "chaves" descodificadoras que possibilitam a compreensão e a vivência de outras experiências. No entanto,o importante não é chegar à ultima e derradeira experiência, mas todo o caminho que se percorre.

Talvez a derradeira experiência seja morrer. Mas, só saberá morrer quem souber viver.

A este propósito, e porque este blog será concerteza um testemunho de caminho, permito-me trazer um poema de um autor Grego (Constantine Cavafy 1863-1933) que uma amiga, tambem ela Grega, um dia me apresentou.

Provavelmente já conhecem, mas fica aqui como ponto de partida, para uma jornada que se quer longa e rica, cheia de "bonecas russas".

ITHAKA

As you set out for Ithaka
hope your road is a long one,
full of adventure, full of discovery.
Laistrygonians, Cyclops,
angry Poseidon - don't be afraid of them:
you'll never find things like that on your way
as long as you keep your thoughts raised high,
as long as a rare excitement
stirs your spirit and your body.
Laistrygonians, Cyclops,
wild Poseidon - you won't encounter them
unless you bring them along inside your soul,
unless your soul sets them up in front of you.

Hope your road is a long one.
May there be many summer mornings when,
with what pleasure, what joy,
you enter harbors you're seeing for the first time;
may you stop at Phoenician trading stations
to buy fine things
mother of pearl and coral, amber and ebony
sensual perfume of every kind
as many sensual perfumes as you can;
and may you visit many Egyptian cities
to learn and go on learning from their scholars

Keep Ithaka always in your mind.
Arriving there is what you're destined for.
But don't hurry the journey at all.
Better if it lasts for years,
so you're old by the time you reach the island
wealthy with all you've gained on the way,
not expecting Ithaka to make you rich.

Ithaka gave you the marvelous journey.
Without her you wouldn't have set out.
She has nothing left to give you now.

And if you find her poor, Ithaka won't have fooled you.
Wise as you will have become, so full of experience,
you'll have understood by then what those Ithakas mean.

Constantine P. Cavafy (1911)


Constantine P. Cavafy
(1863 - 1933)

03 janeiro, 2006

Cerimónia de inauguração

Hoje é o primeiro dia... (primeiro título deste post)
Dirão vocês... "pouco original de tão obvio!!". Pois é, concordo plenamente, ou talvez não. No entanto, fica desde logo o aviso, este será um espaço dedicado, em grande parte, ao meu umbigo. Um Blog, porque sim e porque não. Em suma, porque me apetece

Fica feita a cerimónia de inauguração...