22 dezembro, 2006

Insensatez


Vou embora... mas volto!
Sim ,volto em 2007!!!

Até lá fica esta bela música que tive o privilégio de ouvir, ao vivo, num belo concerto na Aula Magna em Lisboa.

Espero que gostem...

Até para o ano...


20 dezembro, 2006

Viva a preguiça!!!

Continuo a ter uma relação de algum desprendimento com este espaço virtual. Não mantenho uma regularidade na escrita, nem espero ansiosamente os comentários, esporádicos, que vão surgindo. Sei que por aqui passam viajantes silênciosos que nada comentam e outros que partilham. Todos são bem vindos a este espaço de liberdade.

Para mim, continuam a existir duas boas razões para aqui voltar, aliás, como para muitas outras coisas na vida: Por tudo e por nada. Dois bons motivos para se estar com alguém, para se beber um copo, para uma festa (das várias possíveis) para percorrer, a pé, as ruas de Lisboa, mesmo quando se tem carro, e tantas outras coisas.

Umas vezes, partilhando encontros interiores, outras, aquilo que do mundo impressiona esse mesmo intimo, cá vou voltando.

Hoje recebi de prenda de Natal um livro do Mia Couto. Abro a primeira página, para vaguear um pouco pelo seu conteúdo e deparo com o seguinte parágrafo:

Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção de alma que nem chegou a falecer (Mia Couto em Mar me quer)

Agrada-me esta abordagem à infelicidade, despida das interpretações psi da importância de deprimir como forma de crescimento. Eu sei que "crescer dói" mas, porra, prefiro ser preguiçoso e continuar um bocado mais pequenino...

Viva a preguiça!!!!

11 dezembro, 2006

Afinal o que importa...

PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos
frente ao precipício e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Mário Cesariny - Nobilíssima Visão (1945-1946), burlescas, teóricas e sentimentais (1972)